ARISTÓTELES

ARISTÓTELES

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CAPÍTULO 15

O ter é dito de diversos modos:

1. estado e disposição (ex.: temos conhecimentos, temos fome...)
2. quantidade (ex.: altura de três côvados, dois litros...)
3. as coisas no corpo (ex.: manto, sapatos...)
4. uma parte (ex.: um anel na mão...)
5. num recipiente (ex.: a medida de trigo...)
6. propriedade (ter uma casa, um quintal...)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

CAPÍTULO 14

Existem seis espécies de mudança: por geração, destruição, aumento, diminuição, alteração e mudança de lugar. Quase todas as afecções produzem em nós uma alteração sem que nenhuma das outras mudanças ocorra conjuntamente. Aquilo que aumenta ou que sofre alguma outra mudança deveria ser alterado; mas existem coisas que aumentam sem se alterar; por exemplo, um quadrado é aumentado peça adição de um gnómon sem que daí resulte qualquer alteração. Concluindo: as mudanças deverão ser diferentes umas das outras.
A mudança em geral é o contrário de permanecer o mesmo. Assim, destruição é o contrário de geração, diminuição de aumento, mudança de lugar de permanência no mesmo lugar, etc. Somente alteração parece não ter contrário.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

CAPÍTULO 13

São ditas simplesmente simultâneas aquelas coisas cuja geração se dá ao mesmo tempo, pois nenhuma delas é anterior ou posterior. É então a respeito do tempo que elas são ditas simultâneas. Mas simultâneas por natureza são aqueças que reciprocam quanto à implicação da existência, desde que nenhuma delas seja de alguma maneira causa da existência da outra; neste âmbito, os géneros são sempre anteriores às espécies, pois não reciprocam quanto à implicação da existência (ex.: se existe aquático existe o animal, mas se existe o animal não existe necessariamente o aquático).
Conclusão: são ditas simultâneas por natureza as coisas que se reciprocam quanto à implicação da existência e as espécies coordenadas do mesmo género; mas simplesmente simultâneas são aquelas cuja geração se dá ao mesmo tempo.

domingo, 1 de dezembro de 2013

CAPÍTULO 12

Uma coisa é dita anterior a outra de quatro modos:
1. a respeito do tempo - uma coisa é dita mais velha e mais antiga que outra
2. um é anterior a dois - se existirem dois tem que haver um, mas existindo um não tem que haver dois
3. uma coisa é dita anterior a respeito de alguma coisa
4. o que é melhor e mais estimado parece ser anterior por natureza.

sábado, 30 de novembro de 2013

CAPÍTULO 11

Apesar de à primeira vista parecer estranho, para Aristóteles o contrário do bom é necessariamente o mau, enquanto o contrário do mau umas vezes é bom e outras vezes é mau; por exemplo, a deficiência é má e o seu contrário é o excesso, que também é mau; mas o meio-termo é o contrário de ambos e é bom.
Quando um dos contrários existe, não é necessário que o outro exista também; por exemplo, se todos estivessem com saúde, a saúde existiria mas a doença não.
Por natureza, os contrários ocorrem na mesma coisa; pegando de novo no exemplo da saúde, tanto a doença como a saúde ocorrem no corpo dos animais.
Todos os contrários têm que pertencer ao mesmo género ou a géneros contrários ou ser eles mesmos géneros: branco e negro são do mesmo género (ambos são cores), justiça e injustiça por seu turno são de géneros diferentes (a primeira é uma virtude e a segunda um vício) e bom e mau são géneros de certas coisas.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CAPÍTULO 10



Uma coisa pode ser oposta de outra de quatro modos: através de relativos (ex.: o dobro e a metade), através de contrários (ex.: o mau e o bom), por privação e posse (ex.: a cegueira e a visão) e por afirmação e negação (ex.: "ele está sentado" e "ele não está sentado").
As coisas que se opõem como relativos são ditas o que são "dos" seus opostos, ou de alguma outra maneira "em relação a eles"; por exemplo, o dobro é dito que é dobro "da" metade. Já as que se opõem como contrários não são nunca ditas o que são “em relação às outras” mas são seguramente ditas o contrário umas das outras; por exemplo, o bom não é dito bom “do” mau, mas o contrário dele. Quando os contrários são tais que é necessário que um dos dois pertença àquilo em que eles naturalmente ocorrem ou de que são predicados, não há entre eles nenhuma coisa intermédia; por exemplo, entre saúde e doença ou entre par e ímpar não há nenhum estágio intermédio. Mas quando é necessário que um deles pertença, então, há entre eles alguma coisa intermédia; por exemplo, entre negro e branco, que são opostos, temos o cinzento.
Tanto a privação como a posse são ditas a respeito de uma mesma coisa (ex.: visão e cegueira dizem respeito aos olhos) Há também uma relação de oposição entre privação e posse e entre “estar privado” e “ter posse”: há privações que podem paradoxalmente ser posse e posses que podem ser privações. Visão é uma posse e cegueira uma privação (opostos portanto), mas ser cego é estar privado da visão e ter cegueira é ter posse da falta de visão. Estar privado é portanto o oposto de ter posse (pois estar privado da visão – que é uma posse - é ter posse da cegueira – que supostamente é uma privação).
A privação e a posse também não se opõem como relativos pois nenhuma delas é dita do que é “do” seu oposto; por exemplo, a visão não é visão “da” cegueira e também não se pode dizer que a cegueira é a cegueira “da” visão.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

CAPÍTULO 9

Tanto fazer como ser afectado admitem contrariedade e também mais e menos. Por exemplo, aquecer é o contrário de arrefecer, ser aquecido é o contrário de ser arrefecido e também é possível aquecer mais e menos e ser-se mais e menos aquecido.